terça-feira, 28 de setembro de 2010

Seu Manuel

Seu Manuel. Aposentado, negro, morador de alguma rua da cidade Jaboticabal do interior de São Paulo. Seu Manuel não tem uma vida com muito dinheiro, pois anda de circular com roupas surradas e não possui dentes. Pode-se ver que Seu Manuel não tem dentes graças ao sorriso que este não tira do rosto. Seu Manuel diz sobre o tempo de chuva; segundo ele, é a graça de Deus, e nós não podemos reclamar se inunda ou não, pois se é assim que o Senhor quer, assim tem que ser. Também diz de uma mulher que caiu na rua e se descontrolou por ter deixado o celular cair no bueiro; “Num se machucou nem nada, se fosse eu, num taria nem aí, o importante é minha vida, né? Num tem nada mais importante... né fia?”. Seu Manuel; mal sabe ele que esses pensamentos simples e humildes estão em falta no mundo. “Eu gosto de conversa, fia... Eu gosto mesmo!”, e eu também gosto, Seu Manuel. Provavelmente Seu Manuel conversa com todos no ônibus, mas muitos o ignoram, pelo menos, assim ele disse. Seu Manuel me abanou a mão lá longe e eu retribui. Seu Manuel disse que não importa o estudo que ele tem, e sim a educação, que é isso que faz o mundo. Seu Manuel está certo, colocando essa visão longe do Capitalismo; poderíamos conviver muito bem com outras pessoas assim como Seu Manuel, se não existisse o dinheiro e voltássemos a viver de trocas. Seu Manuel é morador humilde de Jaboticabal; mesmo com problemas no joelho, ele vai para todos os cantos da cidade. Segundo Seu Manuel, ele anda toda a cidade porque ele recebeu o milagre de poder voltar a andar, por isso apenas se cuida, mas aproveita. Seu Manuel, aposentado, negro e sem dentes. Mantendo seu sorriso ele se despediu e foi embora. Seu Manuel, homem como poucos no mundo.

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