segunda-feira, 16 de março de 2015

Que as amarras se partam

Dentro da vida que nos foi dada hoje, e ao longo de todos esses anos que aqui não estávamos, nos foi ensinado a não e nem mostrarmos nossos sentimentos aqueles que queremos. Nos foi ensinado que assim dói menos. Que assim sofreremos menos. O que talvez não faça muito sentido, pois temos uma vida com tantas incertezas, incluindo o tempo que temos, e, dentre todas essas, queremos colocar certezas em algo tão abstrato?
A proteção que hoje nos impede de amar por anos ou por uma noite, nos faz sofrermos muito mais com a sensação ao longo da vida de nunca termos tentado, que a sensação de expectativas frustradas dentro de nossas vidas.
Nós não somos obrigados a saber tudo o que queremos de nossas vidas, e sofremos por tantas incertezas, não entendendo realmente que essa zona de conforto pré estabelecida por nós é algo que na verdade nunca existiu, e ainda sim insistimos nela para tentarmos lidar melhor com nossas frustrações e desilusões.
Privamos nossos sentimentos, limitamos eles de tamanha forma que a nossa prisão mais profunda e dolorosa é a que criamos dentro de nós. Limitamos a ideia de que existe apenas UM amor dentro de nossas vidas. De que o grande sentimento que temos dentro de nós só pode ser expressado para uma única pessoa e de uma única forma. Isso nos impossibilita de fazermos e de sermos quem realmente queremos... pois nos sentimos traindo aqueles que amamos, e, ao mesmo tempo, estamos traindo nós mesmos.
Talvez utilizemos a palavra amor com certa pressa, e isso se dá, também talvez, porque o medo de ficarmos sozinhos nos apavore mais que qualquer outra coisa... por mais que alguns se digam “livres” dessa amarra que a solidão nos proporciona. Sinceramente, não acredito bem nisso.
Há um sentimento de tristeza dentro de toda a pessoa... por alguém que se foi, por alguém que os fez sofrer... e tudo isso gira em torno do amor que sentimos por essas pessoas... e não conseguimos aceitar, mesmo que seja bem no fundo, a partida e a perda daquelas pessoas. Não aceitamos ficar vulneráveis e perder aqueles que amamos incondicionalmente.
E dentro disso, criamos ódio daqueles que nos impedem de demonstrarmos esse sentimento... que seja a vida, que seja alguém... sentimos como se aquilo ou aquele que nos impediu devesse sofrer tão forte que desejamos mais que a morte, desejamos que essas pessoas não tenham a quem amar. E este é o maior decreto para aqueles que impedem o amor dos outros, que estes não tenham amores verdadeiros.
Pois quando conseguimos perder as amarras e dizer que realmente amamos aquelas várias pessoas que sempre desejamos dizer, não conseguimos mais suportar o fato de que alguém pode nos impedir de fazer isso novamente. Ou até mesmo quando o amor é dito de modo natural, sem pensarmos... não aceitamos algo ou alguém nos impedindo de ficarmos ao lado daqueles que amamos... seja pela distância, por alguém ou pela própria morte.
Dentro de mim, os finais são sempre felizes, e eles devem continuar a serem sempre. Peço àqueles que eu acredito que me permitam ter ao meu lado todos aqueles que eu amo, assim como agradeço a cada dia por eles em minha vida. E espero conseguir cada vez mais dizer que amo aqueles que dentro de mim eu ame, assim como espero também perder o medo de amar. De conhecer. Por mais que haja muito sofrimento dentro do meu coração e isso tenha me impedido de amar mais facilmente, eu consigo dizer claramente que amo. E amo muito. Amo mesmo aqueles que acabei de conhecer, ou aqueles que trombei o olhar e meu coração amoleceu por algum motivo.
Finais felizes necessitam ser praticados. E acho que a ideia de que tristeza é algo que sempre volta, não deva mais ter força... e sim que tudo pode sempre acabar com uma felicidade imensa e sem resquícios de sofrimento.

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