domingo, 10 de novembro de 2013

O que pensar antes de partir

Quando colocou a mão em sua própria boca, sabia que aquele seria o ultimo momento que poderia fazer tal fato. Seus dedos estavam dormentes, não somente os de sua mão, mas os de seus pés, em que estes, por sinal, tinham uma temperatura gélida. Observando-se frente ao espelho, aparentava estar mais esbranquiçada, apesar de sua visão estar com pontos pretos, impossibilitando sua visão perfeita.
A imaginação fugia para além de sua compreensão. Lembrava-se dos olhos de várias pessoas, olhos de todos os tipos passavam por sua cabeça, era impressionante. Porém, foi em um em especial que todo aquele emaranhado de vistas cessou.
Dois lábios se tocando, os dela unidos aos dele. Cabelos pelo vento, frente ao mar. Ela sorria. Passava a mão pelas madeixas dele. Era difícil de entender o que ambos sentiam; uma felicidade, um calor. Corriam por toda aquela praia. Complexos. De difícil compreensão. Enquanto ela observava o mar, ele estava de longe a observa-la. Próximo aos seus olhos lhe disse que ninguém conseguiria mostrar à ele alguém mais bonita que ela.
Ela acreditou.
Sua visão estava um tanto quanto opaca, já não se enxergava frente ao espelho. Ficou a refletir rapidamente se aquela que via alí era quem ela gostaria de ser. Chegou a conclusão que não, que em algum momento de sua vida ela se perdeu de si mesma.
Ouvia um leve zumbido de batidas, pensava ser abelhas.
Não conseguia mais se movimentar, estava mole, fria. Começou a escorregar sobre o vaso, não demorou muito para cair no chão. Já deitada, lhe via com uma opacidade ainda mais profunda, era apenas névoa.
Fechou os olhos. Logo, vinha em sua mente a voz que ela tanto amava chamando seu nome. Um breve sorriso ela conseguiu esboçar. Após alí, mais nada.
“Garota se suicida e é encontrada pelo ex-namorado dentro do banheiro após recebimento de sms escrito adeus. ─ Eu gritava o nome dela, e me pareceu que ela estava sorrindo enquanto a chamava...”

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